domingo, 12 de setembro de 2010

Resenha de cinema

Começou o TIFF, Toronto International Film Festival, um mega evento com mais de 300 títulos. Difícil estar atualizado com tantos títulos.

Nossa primeira escolha tem a ver com nossa geração, Buñel, Fellini, Truffaud, Godard, o cinema novo da época do nosso Glauber Rocha e tantos outros. Época em que todos éramos fominhas de cinema e assíduos frequentadores do Cine Paissandú...Como estaria nosso velho Godard depois de tantos anos? Fomos conferir "FILM SOCIALISM".

Para nossa surpresa a fila já dava volta no quarteirão meia hora antes da sessão começar. Quantos lugares teria esse cinema, nos indagamos? Mais de 1000, o que nos deixou mais tranquilos. Uma fila variada, muitos jovens o que nos encantou...se Godard continua a interessar os jovens...nós também estamos vivos...

Custei um pouco a penetrar novamente no mundo de Godard, confesso. Muita gente levantou.

E não é que de repente comecei a me encantar com aquela colcha de retalhos com que Godard vai construindo suas idéias, e saí encantada com o filme.

A câmera digital lhe deixou ainda mais solto para trabalhar o filme como um artista trabalha uma tela, somando idéias e te obrigando a pensar a cada nova pincelada.

São inúmeras as simbologias , um filme para ser descoberto , quadradinho por quadradinho , como numa colcha de retalhos. Plasticamente me encantou o tratamento irreal das cores, sépias, pretos , brancos sem os complicados efeitos especiais, como se estivesse pintando pensamentos.

A crítica no Globe and Mail só deu 2 estrelas; eu daria pelo menos 3 ou 4.

Godard nos leva em um cruzeiro, com um bando de gente estranha como qualquer um de nós, a alguns dos lugares que marcaram a formação da Europa e da chamada cultura ocidental: Egito, Grécia, Itália, Palestina...Não esquece a luta anti-franquista, a revolução socialista e os fantasmas nazistas. Ao longo, sempre presente e distante, a Mãe África.

Depois, nos põe à espera, não de Godot, mas de uma entrevista em que uma família, sagrada como a nossa, propõe-se a revelar o camnho para si mesma e a Europa.

"De choses comme ça"( são coisas assim) , como ele próprio repete tantas vezes no filme. Afinal para Godard ,mais importante do que viver é contar.

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