segunda-feira, 25 de agosto de 2008

FEIJOADA DA AEBRAN
























Os organizadores brilharam, Alberto, Regina, Marcos, sei que todos deram duro para que tudo corresse bem. Estão de parabéns.

Passamos uma tarde agradável onde a comunidade brasileira teve a oportunidade  de confraternizar e se divertir. Belas caipirinhas, feijoada e de sobremesa um show do Yuri.

Contamos com a AEBRAN para formar o Clube dos Brasileiros. Sugiro que promovam também campeonatos de tênis, vôlei, futebol, xadres, biriba e o que mais interessar. E porque não dança de salão com muito samba e forró.

José Eduardo Agualusa

Agualusa, escritor angolano conhecido no Brasil por alguns de seus trabalhos como As Mulheres de Meu Pai e O Vendedor de Passados, escreveu uma crônica sobre as Olimpíadas publicada na edição de 23 de agosto  do semanário “A Capital”.

Transcrevo parte do texto com que me identifiquei  plenamente.

 

                            “Uma lição que a África deu ao mundo

 

Na minha opinião a imagem mais marcante dos jogos Olímpicos de Pequim é a de uma nadadora a retirar a prótese  da perna esquerda, antes de se lançar à água, perante o olhar atônito de outras duas atletas.

(...)Foi a ela que os sul-africanos concederam a honra de transportar a bandeira nacional, na cerimônia de abertura dos jogos. Na verdade, Natalie, de 24 anos, já era uma vencedora mesmo antes de completar os impossíveis dez quilômetros da maratona aquática.

(....)Hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas...

O exemplo de Natalie du Toit ajuda-nos ainda a combater paternalismos e complexos de inferioridade. Sim, é possível mergulhar para o futuro mesmo com uma perna a menos, mesmo com um passado atroz e um presente difícil.

Chegar em primeiro lugar não é o mais importante. O importante é melhorar sempre. O importante é estabelecer metas e ultrapassa-las. O importante é não desistir nunca.”

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Olimpíadas


 

Daqui de Angola, acompanhamos também os jogos olímpicos e não posso deixar  de falar do choro bonito do nosso nadador. Emoção pura ,sincera, a sensação do dever cumprido. Bonito demais! Tenho certeza de que o povo brasileiro chorou junto, uns em silêncio e outros, como eu,  aproveitando para fazer a sua catarse e se emocionar não só do orgulho nacional, mas também da saudade de casa, dos amigos, da família e dos filhos amados.

É bom chorar e nossos atletas são a síntese do que representa sonhar, perseverar, lutar, as vezes ganhar, mas também perder, levantar, lutar,e perseguir o seu sonho.

É o ciclo da vida que nos faz enfrentar as dificuldades de cada dia e fazer de cada etapa vencida uma grande vitória.

Nosso judoca lutou bravamente, perdeu , chorou, mas é um atleta preparado para vencer. Caiu, vencerá, é o ciclo da vida. Nossa Fabiana sofreu a triste sensação do roubo, da perda antes do jogo. As meninas do vôlei continuam sorrindo.

E as meninas do futebol ganharam a prata. Tá bem, podia ser melhor, mas igual, elas fizeram bonito.

É triste perder,mas é o que dá  sabor à vitória.

Angola, um pais que se redescobre após 40 anos de guerra , sabe o que é cair e sair tropeçando nas próprias pernas. Conquistar a paz, reerguer-se e vencer os obstáculos do desenvolvimento com os desafios representados pelos déficits sociais.

É  com sabor de vitória que se reconstrói um pais.

Nós, brasileiros que aqui vivemos, temos orgulho da contribuição que trazemos para esse esforço.

sábado, 16 de agosto de 2008

CANDONGAS




CANDONGA

Único meio de transporte da cidade. Mini vans na sua quase totalidade irregulares e em péssimo estado. A cobrança é de acordo com o trecho feito e a carga que se leva.

Num transito caótico elas vão pegando seus passageiros nos constantes engarrafamentos, até na contramão.

ZUNGUEIRAS





São as mulheres que vendem qualquer coisa carregando em uma bacia na cabeça.

São as mulheres do Debret.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Meu olhar sobre Luanda

Gosto de novos desafios. Estou sempre aberta a aprender, descobrir e enfrentar com alegria e entusiasmo tudo o que a vida me oferece. Com Angola não tem sido diferente.

Até parece a mesma língua, mas é preciso ajustar o ouvido a um sotaque meio baiano, meio português, por inteiro doce.

São amigos, com um sorriso cativante e uma gargalhada gostosa  que lembra a do nosso Antonio.

Na rua, na batalha diária da sobrevivência, te chamam de mãe, madrinha, irmã, amiga,  e pedem sempre “gasosa”.

As mulheres angolanas são uma força da natureza. Com os filhos na barriga ou nas costas, caminham equilibrando grandes bacias com o que têm para vender naquele dia: frutas, peixes, linhas, roupas, aparelhos ou o que mais possa se imaginar.

A vida se ganha na rua. Entre os carros presos no engarrafamento, vendem-se  espelhos, sapatos, ferramentas, pneus, o que se conseguiu arrematar ou receber para venda nesse grande mercado ambulante.

Da “vitrine” do carro, com as janelas fechadas, o olho registra esse mercado informal que desfila na procura do freguês.

Mais de 40 anos de conflitos marcam a vida desta cidade, hoje um enorme canteiro de obras. Do terraço, vejo as gruas gigantescas revirando a terra  e a história de milhões de deslocados,  expondo a sua pobreza.

Um brasileiro amigo terá a tarefa de coordenar a descompressão desse tráfego impressionante, que nos faz lembrar de São Paulo como uma multidão organizada. Que os anjos digam amém.